sábado, 9 de novembro de 2013

III WORK SHOP DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARTILHA PRATICAS PEDAGÓGICAS E PROMOVE REFLEXÃO SOBRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS CRIANÇAS PEQUENAS

PARTILHANDO OLHARES SOBRE AS CRIANÇAS PEQUENAS...
Coordenadoras pedagógicas da Rede municipal na abertura do
 III work Shop da Educação Infantil


É preciso repensar o foco do trabalho pedagógico nas instituições de educação infantil, que tem sido centrado muito mais na prática dos adultos do que nas práticas das crianças. Não estamos dizendo que um deva se sobrepor ao outro, mas sim que devemos incluir em nossas reflexões sobre a educação infantil um aspecto fundamental – os direitos das crianças de serem consultadas e ouvidas, de exercerem sua liberdade de expressão e opinião, e o direito de tomarem decisões em seu proveito. Outrossim, uma Pedagogia da Infância e, mais precisamente, uma Pedagogia da Educação infantil teria como um de seus princípios buscar a voz das crianças pequenas sobre a sua vida, vivida no contexto das instituições de educação infantil.

A palestra da Psicóloga Raimunda Sun contribuiu
significativamente para o sucesso do Evento.
Segundo pesquisas recentes, como as de Batista (1998), Prado (1999), Búfalo (1997), Oliveira (2001) e Coutinho (2002), a busca por uma inteligibilidade das infâncias e dos sujeitos que compõem esta categoria social requer um olhar inverso ao que historicamente nos tem marcado: o de que as crianças são “vir a ser”, “tábula rasa”, “rastro vergonhoso de nossa natureza corrupta e animal”, “inocência em forma humana”, etc. Esse outro olhar que estamos nos propondo construir exige a compreensão de que as crianças à sua moda compreendem o mundo que as cerca. Portanto, são sujeitos completos em si mesmos, que pensam, se expressam criativamente e criticamente sobre o espaço institucional onde são educadas e cuidadas. São sujeitos conscientes de sua condição e situação e se expressam de múltiplas formas.



Participação das educadoras da Educação Infantil da Rede
Municipal no III Work Shop
No entanto, é importante ressaltar o quanto ainda estão por ser conhecidos os jeitos das crianças se expressarem. Historicamente temos dirigido nosso olhar e nossa escuta mais para as falas das crianças, para sua linguagem oral. É interessante observar que dessa forma continuamos privilegiando aquelas manifestações das crianças que se assemelham ao modo como os adultos se expressam, desconsiderando suas outras linguagens. Compreendê-las na sua singularidade, nas suas diversidades, nos seus jeitos de ser, exige que nós encontremos novas formas de aproximação aos universos infantis presentes em nossas instituições, considerando que esses universos são compostos por todas as dimensões do humano, por todas as formas de produção e manifestações culturais.

Participação efetiva das docentes da Escola Jardim das Acácias
A perspectiva da Pedagogia da Educação Infantil tem indicado a necessidade de colocar a criança como ponto de partida para a organização do trabalho pedagógico e de ensaiar uma aproximação aos universos infantis buscando estranhar o que parece familiar, pois todos os dias vemos as crianças brincando, chorando, dormindo, comendo, desenhando... e isto não tem ressonância, não tem eco na organização do trabalho pedagógico. Conseqüentemente estes e tantos outros dos seus modos de viver não têm sido considerados pontos relevantes para refletirmos sobre a organização do cotidiano das crianças e o viver da infância nas instituições de educação infantil.

Coordenadora Elizângela socializando as práticas pedagógicas
 desenvolvidas na Escola Jardim das Acácias.
A proposta de uma aproximação aos universos infantis e às crianças pode ser lida como um encontro entre os adultos (professores e estagiários) e a alteridade da infância . Esse encontro não apenas coloca o Outro em evidência, como possibilita o encontro com o Outro que existe em cada ser humano. Outro que, segundo Pereira & Souza (1998), na contemporaneidade é insensivelmente descartado em nós. Dessa forma, a questão do olhar torna-se fundamental para retomarmos o tema da alteridade: “o olhar convoca nossa dimensão ética na relação com o outro” (Amorim 1997). Ao reconhecer a diferença no "Outro", recuperamos a dignidade de nos reconhecermos nos nossos limites, nas nossas faltas, na nossa incompletude permanente, enfim, em tudo isso que é essencial e verdadeiramente humano e, ao mesmo tempo, inefável (grifos nossos). Tomando as crianças enquanto Outro, instaura-se nesse processo o desafio de redirecionar o olhar, romper com as perspectivas pelas quais culturalmente aprendemos a enxergá-las e que mencionamos anteriormente: incompletas, sem fala, um vir a ser, seres assexuados, inocentes.... Na construção desse outro modo de ver, é necessário ainda, como falam Larrosa & Lara , apreender "a imagem do Outro não como a imagem que olhamos, mas 
como a imagem que nos olha e nos interpela". Neuza Gusmão diz que é por via desse olhar interpelador que a cultura e a alteridade desvelam as múltiplas linguagens do social. Linguagens essas que podem tornar-se "invisíveis aos olhos e ouvidos" diante de percepções da realidade dadas como universais, verdadeiras e únicas. 

Essa perspectiva nos possibilitaria ver a infância e as crianças enquanto "o Outro de nossos saberes, perante o qual devemos nos colocar em posição de escuta”. Da mesma forma, Manuel Pinto descreve as crianças enquanto sujeitos conscientes de seus sentimentos, idéias, desejos e expectativas, sendo capazes de expressá-los desde que haja quem os queira verdadeiramente escutar e ter em conta. E ainda, continua o autor, existem realidades sociais que só sob o ponto de vista das crianças e de seus universos específicos podem ser descortinadas, compreendidas e analisadas. 

Docentes da Escola Jardim das Acácias ao fundo
Compreender as crianças enquanto Outros, enquanto diferentes dos adultos, segundo Coutinho (2002), seria o primeiro movimento para pensarmos a sua educação de forma diferenciada, com espaços de educação e cuidado para tornar-se criança, espaços e tempos que oportunizem a elas protagonizar essa experiência na sua heterogeneidade.

Entretanto, a diferença não pode ser entendida como o exótico e o não-permeável, pois se assim o fosse estaríamos nos afastando ainda mais da compreensão da infância vivida em creches e pré-escolas e da possibilidade de garantir às crianças vivências intensas nesses espaços. 

Ana Beatriz Cerisara 
Alessandra Mara Rotta de Oliveira
Andréa Simões Rivero
Rosa Batista

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3 comentários:

  1. É sempre muito gratificante participar de momentos como esses, onde nos reunimos para discutir a educação que estamos dando para nossas crianças.
    Elizângela Ramos

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  2. Concordo plenamente com você,são esses encontros que enriquece a nós educadores e promove uma boa qualidade do ensino.
    Antonia Melo

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  3. Excelente Palestra da Dr. Raimunda Sun,sábado super produtivo para os educadores presentes no III workshop de Educação Infantil.

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